Meu encontro com a maternidade foi maravilhoso. E foi com o nascimento do Léo que entrei pela primeira vez numa rede social, o Facebook. E assim como várias mamães do face, comecei a postar cada novidade do Léo. Seus sorrisos, suas descobertas, a sua amizade com a gata BJ. Seu sentar, seus primeiros passos, tudo devidamente gravado e postado para todos verem.
O Léo era bebê lindo, que não deu trabalho com cólicas, que acordava
de 3 em 3 horas para mamar e logo em seguida dormia. Comeu as papinhas, foi
para o berçário com 8 meses, e se desenvolveu junto com as outras crianças do
berçário sem apresentar nenhuma diferença significativa. Sua primeira palavra
foi “água”, aos 11 meses. Falava “mamá” (mamãe), “papum” (papai), “tetê” (mamadeira), “até”
(pipi), “abe” (abre), dava tchau todo desajeitado e mandava beijo, ora
colocando a mão na boca ora colocando a mão na testa. Fazia gracinhas,
batia palminhas para a Galinha Pintadinha (que é fã até hoje!). Em resumo, um
bebê típico.
Mas desde os primeiros meses percebi que o Léo estava sempre com a
língua para fora. Levei à pediatra, para ver se havia algo errado com ele. Ela
me recomendou uma fonoaudióloga, para dar uma parecer. No mesmo dia passei na
fono, que me disse que ele ainda era muito novo para que ela pudesse deduzir
qualquer coisa, e que possivelmente o nariz estava obstruído (época seca, pouca
umidade do ar) e ele devia estar com a língua de fora para tentar respirar
melhor. Mesmo assim ela me explicou que eu deveria ficar atenta a uma série de sinais
de desenvolvimento até que ele fizesse um ano. Um destes sinais era apontar o
vovô ou a vovó quando a gente falava seus nomes. Fiquei tranquila, pois em casa
havíamos feito um mural de fotografias da família, e ele sempre apontava
corretamente a prima Bia, os avós maternos, e o papai e a mamãe.
O Léo demorou um pouco para andar. Só deu os primeiros passos com
1 ano e 4 meses. E além das poucas palavras que ele dizia cada vez menos,
nenhum sinal de desenvolvimento da comunicação verbal. Acompanhavam o Léo dois
pediatras, uma do SUS e outro do convênio, e ambos diziam que cada criança tem
seu tempo, e que se ele demorou um pouco para andar poderia demorar um pouco para
falar também. Pediam que tivéssemos calma. E eu me acalmava. Um pouco.
Com um 1 ano e 10 meses apenas o Léo e uma garotinha do berçário ainda
não falavam. A fonoaudióloga da escola fez uma avaliação. Nessa
avaliação foi detectada uma possível hipotonia
de órgãos fonoarticulares, e que era necessário passar por uma
avaliação mais detalhada. Marquei o pediatra do convênio, pois precisava
de uma guia para tal avaliação com uma fonoaudióloga. Consegui marcar uma
consulta com um neuropediatra, que fez alguns exames no Léo (bateu palmas para
ver se olhava, o chamou pelo nome, etc.). Ao final disse que devíamos aguardar que
ele completasse dois anos, que ainda estava tão novinho, que poderia amadurecer e aquela história de sempre,
que cada criança tem o seu tempo.
A família materna, que convive cotidianamente com o Léo, começou a
pegar no meu pé, dizendo que havia algo errado com ele. E eu desconversava,
acreditando que era o tempo do Léo. Conversava com outras mães, que diziam
que os meninos demoram mais a falar, que seus filhos também demoraram, e isso
me confortava um pouco diante de um conflito familiar.
Para acalmar a família, combinamos que voltaríamos ao médico assim
que o Léo completasse dois anos.
Mudamos de casa, e com isso também mudamos o Léo de escola.
Fizemos a festa de 2 anos. O Léo correu a festa inteira, brincou sozinho muito
feliz, alheio a todos amigos e familiares da festa. Porém muito feliz!
A festa foi num domingo. Segunda-feira deixei ele na escola e a
coordenadora perguntou se eu tinha um tempo para conversar. Disse que sim, pois
mesmo estando um pouco apressada, pois imaginei que seria algo simples.
Mas é claro que eu estava enganada.
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