sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Inclusão: Ninguém vai ficar para trás




Quero e preciso dividir uma das alegrias de 2019 e da Educação Inclusiva.

Depois de todas as desilusões do ano passado, com a EMEF que procuramos para matricular o Léo,  onde há um projeto Político Pedagógico que vislumbra a inclusão, mas que, na nossa experiência a teoria esteve bem longe da prática pedagógica em relação a educação inclusiva, como expus no texto Inclusão X Se vira aí!. Demos uma segunda chance a educação inclusiva em outra EMEF e este ano tem sido de muitas realizações para o Léo.

Claro que nada veio sem lutas.  No entanto, nesta escola encontramos um time de professoras, coordenação e profissionais que jogam junto. Mesmo com todas as dificuldades da educação pública seguimos no objetivo comum de desenvolver as potencialidades do Leonardo, desafiando-o e nos desafiando. Ele aprende e nos ensina. Ensinamos e aprendemos.

Como sabem o Léo não fala, então fica difícil saber como foi seu dia na escola, não sabemos o que ele fez, se esteve feliz, se algo o aborreceu, enfim, esse é um problema de muitos pais que tem seus filhos não verbais ou sem uma comunicação que possa dar conta do diálogo interativo.

 Para amenizar essa dificuldade, tenho mantido um contato quase que diário via um Caderno de Comunicação entre professora e nossa família, que vai muito além dos recados internos e agendas da escola.

 Desta forma consigo, saber algumas coisas sobre o Léo. Mas são muitos os professores, muitas as relações do cotidiano escolar e é impossível a gente saber de tudo. Mesmo para as crianças  típicas, muitas vezes os pais são pegos de surpresa quando as professoras contam novidades sobre seus filhos apenas no dia da reunião de pais.

Num dia destes, ao chegar em casa, fui ver o Caderno de Comunicação e tive uma destas surpresas. Tinha um recado da professora e uma autorização para que o Léo pudesse sair com a escola para um evento na DRE Butantã, representando a escola, pois seu trabalho havia sido selecionado.

Eu não vi o trabalho que realizou, por pura curiosidade liguei na escola para saber mais detalhes. Foi uma atividade realizada nas aulas de Informática e Leitura. O Léo realizou a mesma proposta dos colegas, mas com o apoio e incentivo da estagiária da sala e claro junto aos professores.

Na maior parte do ano o Léo esteve sem acompanhante pedagógico, apenas a professora na sala de aula e todas as crianças. A professora sempre fez o que estava ao seu alcance para o Leonardo, mas sem sombras de dúvidas, após a chegada da estagiária para o auxílio da sala e do acompanhamento pedagógico do Léo tudo tem melhorado.

Isso nos mostra o quanto esse meio assistivo é necessário para o desenvolvimento dele, pois se queremos falar em equidade, em oportunidades na educação inclusiva e desenho universal  não podemos deixar de dar e criar os suportes ADEQUADOS para esses estudantes.

O Léo está na escola pública desde a EMEI, mas nunca autorizei a saída dele sozinho com a escola, nem aquelas voltas nos quarteirões ou praças próximas, pois ele tinha um costume de sair correndo em direção de algo do interesse dele, mesmo que isso estivesse do outro lado de uma avenida movimentada. Nas excursões que houveram, eu fui junto com a escola e sempre as professoras agradeceram no final, pois  o Léo se desgarrava do grupo escolar e para leva-lo de volta desencadeava crises disruptivas, que eu já sabia antecipar para não acontecer. Mas eventualmente uma ou outra aconteceu.

Acontece que desta vez a autorização não caberia a minha ida, tinha agendado trabalho com meus alunos no dia seguinte onde leciono. Então, respirei fundo e autorizei a ida dele. Na conversa com a coordenadora por telefone foi me dito que a estagiária iria junto, o que tranquilizou, pois ela é muito competente e já estabeleceu um vínculo muito bom com o Leonardo.

Mas como falar para o Léo que iria acontecer? Como amenizar essa quebra de Rotina escolar para que entenda e aproveite a oportunidade e a experiência deste evento acadêmico fora do ambiente escolar?

Mais uma questão importante  surgiu. O lugar para onde iria era o auditório do CEU, que fica bem próximo da minha casa. E que nós eventualmente levamos o Léo de fim de semana para caminhar e brincar neste CEU. Como é perto, vamos a pé. E tenho certeza que o Léo sabe sair de lá e vir para casa. Mas existe uma avenida muito movimentada de carros e ônibus neste caminho. Então, dei as recomendações para a coordenadora e estagiária que não desgrudassem do Léo, não deixassem  ficar correndo pelo espaço, pois se eu o conheço bem, se o evento não gerasse interesse nele, daria uma disfarçada e cairia fora, indo pra casa, ou ainda tentaria ir para pista de skate ou piscina.

Recado dado. Mas a missão não estava cumprida. As 22 horas da mesma noite que recebi o recado,  estava na frente do computador criando pistas visuais para a rotina do dia seguinte. Afinal, todos os dias quando chega a escola ele usa um apoio visual das aulas que terá no dia, o que tem que fazer, como pegar a mochila, abrir e pegar o caderno, estojo etc...

Então resolvi fazer a Rotina tentando criar uma previsibilidade do que aconteceria e principalmente que ele deveria ficar no auditório e não era para ir para a pista de skate, nem para a  piscina do CEU. Enfim, teria que entender que estava lá para uma atividade específica com o grupo da escola e não ficar andando pelo CEU nos seus lugares preferidos.

Que ficou assim... (vídeo)



Para as mães e pais de familiares de crianças com TEA sempre sugiro o investimento na compra da máquina emplastificadora e um rolo de velcro que pode ser comprado em bazares de bairro, às vezes nestas lojas grandes de 1,99 (que mais nada custa 1,99) papelarias ou ainda naquela passada semestral da Rua 25 de março. 

Mesmo para crianças verbais com TEA, as pistas visuais para criar previsibilidade nas mudanças de rotina, geram mais segurança para elas, diminuindo o impacto das alterações e fazendo com que possam desfrutar melhor do evento novo. 

Quero lembrar que tudo o que fiz aqui tenho orientações de uma equipe terapêutica, embora muitas coisas eu faça sozinha, tenho sempre uma supervisão profissional em ABA que me auxila. 

Após o evento  foi relatado por professores que o acompanharam e pela estagiária, que o Léo entendeu muito bem a Rotina com as pistas visuais, quis sair poucas vezes do auditório e uma delas foi para ir ao banheiro que  já sabia onde era, pois já usou das outras vezes que fomos lá.

Permaneceu sentado no auditório, mas  também caminhou, subiu no palco, pegou o microfone e me parece que  ao ser solicitado para dar “oi” a plateia  respondeu “oi”. Algumas pessoas da DRE Butantã  que estavam presente no evento  o reconheceu, afinal são nossas parceiras de lutas pela a inclusão escolar desde a EMEI.  Assistiu as animações, se empolgou com algumas. Enfim, foi o Léo sendo o Léo.

Houve muito respeito por ele estar lá.

Alguns dias depois, uma professora de outra EMEF, que é minha amiga, relatou que viu o Léo  no anime DRE e elogiou a escola dele, pois foi a única que ao selecionar os participantes para esse evento, levou um estudante público alvo da educação inclusiva.

 Isso é um elogio para escola, mas um alerta para as outras. Aproximadamente 10 EMEFs estavam lá no auditório com grupos de estudantes. Será que teremos que criar cotas? Acho que não é preciso chegar a esse ponto se trabalharmos com  as crianças público alvo da educação inclusiva os projetos que são realizados pelos professores respeitando o desenho universal , criando e adaptando as situações e ambientes para isso, isso é contrapor as barreiras atitudinais existentes nas escolas.

De qualquer forma, aqui escreve uma mãe muito feliz e surpresa por todos esses acontecimentos. Desejo que mais coisas assim aconteçam para meu menino. E claro para outras crianças também. Que as portas se abram cada vez mais para essa inclusão. 
Segue agora o vídeo que tem um dos personagens que o Léo criou nas aulas.  Será que vocês adivinham qual personagem?




E parabéns meu menino por ter feito um lindo trabalho!

 Parabéns aos professores de Leitura e Informática  e a Estagiária da turma do 2º. E pelo trabalho inclusivo e pela coragem de levar um aluno público alvo da educação inclusiva que não para quieto num evento deste porte!

Parabéns e nosso muito obrigada!


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Inclusão, pode dar certo!



As coisas podem dar certo!

Depois da história cruel que vivemos no ano de 2018 em relação a Inclusão Escolar, que relato no texto https://observatoriolivre.blogspot.com/2019/11/inclusao-escolar-x-se-vira-ai.html, chegou a hora de contar as aventuras de uma inclusão que pode dar certo.

Este ano colecionamos histórias boas, de aprendizado por todos os lados que envolvem as pessoas neste processo.

Quando a gente propõe ensinar abra-se  um canal para aprender.

Inclusão precisa de parcerias para dar certo.

Reclamar ou dizer "não estudei sobre isso na faculdade", não resolve.
Sejamos as pioneiras e os pioneiros da educação inclusiva.

Assim poderemos ensinar aquilo que aprendemos a construir.
esse vídeo é totalmente caseiro e sem edição pois nossa realidade porque a realidade é sem edição.