terça-feira, 26 de novembro de 2019

Inclusão Escolar X Se vira aí!





O tempo vai passando, e tenho muitas coisas boas acontecendo este ano com meu filho.

Já tenho textos prontos para narrar o que anda acontecendo. Narrar como coisas pequenas se transformam em grandes, e como faz diferença não desistir da inclusão escolar.

Mas toda vez que vou escrever o que aconteceu mais recentemente, fica uma peça faltando deste quebra cabeça que se transformou nossa vida e o mundo da inclusão escolar.

Não é a primeira vez que sento para escrever o que aconteceu no ano passado. Mas a mágoa havia tomado conta de meus sentimentos e os textos não saíam.

Embora não tenha como aliviar toda a dor que passamos, posso apenas dizer que superamos, mas não esqueceremos.

Desde o diagnóstico do Léo sempre fiquei preocupada com o ensino fundamental. Anotei os nomes de algumas escolas que pesquisei no Google e encontrei escolas parceiras da Inclusão.

Na época, anotei num post-it o nome de uma escola pública que por sorte é no bairro onde moramos. Deixei anotado no meu mural, para lembrar quando chegasse o momento da passagem para o ensino fundamental.

Quem está na rede pública municipal de São Paulo sabe que não são os pais que escolhem a escola para onde seus filhos irão durante a transição do ensino infantil para o fundamental. Há um sistema que faz essa escolha.  E esse sistema não colocou meu filho na escola parceira da inclusão que eu havia pesquisado.

Queríamos aquela escola, pois passamos a frequentá-la, já que seu Projeto Político Pedagógico (PPP) permite a participação da comunidade em seu entorno. Tive então que pedir a transferência dele para lá.

Conseguimos. Não foi fácil, mas foi um alivio para nós pais, pois lá já tínhamos amigos com filhos, especiais e típicos, que já estudavam na escola. Sabíamos dos desafios de colocar nosso filho numa escola com um processo pedagógico alternativo aos modelos tradicionais, mas quando lemos o PPP da escola nos identificamos.

A escola em questão mantem literalmente os portões abertos, e comecei a participar como voluntária no projeto de horta. Cheguei a plantar nesta escola um pé de Cambuci que ganhei de um morador de da Vila de Paranapiacaba. Plantei junto com outros pais de crianças e ainda brinquei: “Daqui há nove anos será uma árvore grande, crescerá na escola junto de nossas crianças.”

 Nesta época já havia muitos desafios, mas como toda escola pública tem seus problemas tentei ao meu modo relativizar o que ocorria. Passei a frequentar as Assembleias de Pais e relatar algumas situações específicas que ocorreram com meu filho por conta da sua condição.

Como sabem o Leonardo faz uso da PECS (sistema de comunicação por troca de imagens), e usa uma pochete na cintura com várias imagens que pode formar sentenças para fazer pedidos. Mas, como toda criança de seis anos que passa pela transição de troca de escola, em um ambiente novo, cuidadores e professores novos, tudo precisa de tempo e adaptações. E desde sempre a PECS do meu filho foi negligenciada pela escola. E não foi por falta de conversas com as professoras, estagiária, coordenação, assistentes de direção, alunos e outros funcionários.

Conversamos muito, levamos terapeutas que trabalhavam com o Léo desde os três anos implementando esse sistema de comunicação, mas sempre que ele chegava à escola a Auxiliar de Vida Escolar (AVE) retirava a pochete com a PECS da cintura dele a guardava com ela, por mais que explicássemos que deveria ficar com o menino. Sua desculpa era que ele iria perder. Inclusive isso foi motivo de discussão com a professora e a estagiária, pois estas duas queriam que a pochete ficasse como Léo.

Um dia, numa discussão mais acirrada entre a AVE e a estagiária, a pochete ficou junto dele, mas no fim da tarde, quando fui buscá-lo, ninguém sabia onde estava. Essa foi minha primeira aparição na Assembleia de pais na qual fui relatar o ocorrido, e pedir para divulgar na escola alguma campanha que explicasse aos alunos que a PECS é um meio de comunicação, que se as crianças a encontrassem a devolvessem na secretaria.  Como ele frequentemente saía da classe e ficava andando sozinho pela escola, esse era um risco real.

Na entrada da escola, a senhora que fazia o transporte do meu filho, depois de algum tempo, veio me relatar que muitas vezes não havia ninguém no portão para recebê-lo, e que sua ajudante tinha que ficar com o Léo dentro da escola, pois ninguém o recebia. Como essa senhora também tem um neto autista, ela ficava muito indignada e acabava esperando alguém aparecer, atrasando as crianças que levava para casa que estavam com ela no transporte vindo de outras escolas.

Um dia essa senhora ficou tão aborrecida com o descaso que entrou na escola e se dirigiu até a sala dos professores e falou do absurdo que era não ter ninguém para receber o Léo na entrada e que o acompanhasse para sala, uma criança autista de seis anos de idade. Depois disso ela resolveu me contar que isso acontecia com frequência.

Fui até a coordenação falar sobre isso, e também sobre a PECS que havia sumido, e sobre o que poderíamos fazer para sanar esses problemas. Sobre não ter ninguém pra receber o Léo a coordenadora disse que não estava sabendo, pois disse que havia uma AVE designada e iria ver o que estava acontecendo. Já sobre a PECS ela disse que o Léo não queria usar na escola, que eles arrumariam um jeito de se comunicar com ele. Achei essa fala muito questionável. Como assim arrumar um jeito de se comunicar com ele, se ele já tem uma comunicação alternativa, e isso é um direito dele, inclusive respaldado na Lei Brasileira de Inclusão?

Neste meio tempo percebemos que o Léo passou a gritar para tudo que queria. E é claro que ele não ia usar a PECS se com um grito ele conseguia o que queria, pois sempre havia alguém para ceder aos gritos dele quando queria sair da sala de aula, ou não queria voltar para sala de aula, ou gritava porque tirava o tênis e não queria colocar. Ele gritava e pronto. Enfim, meu filho que já tinha conquistado uma maneira mais adequada para se comunicar, mesmo que frágil, retrocedeu completamente, pois a escola decidiu passar por cima deste aprendizado anterior.

Era comum nestas reuniões para acertar as arestas sobre os problemas com da inclusão do Léo a direção me dizer: “Calma mãe. Essa escola é um processo, seu filho vai se adaptar”.

A situação da entrada na escola não melhorou. E eu sei, pois nos dias que ia para o projeto da horta eu levava meu filho e nunca havia alguém para recebê-lo. Muitas vezes eu o levava até a sala de aula, outras ele ficava comigo na horta, pois ele queria ficar escorregando numa pista de skate que tinha na escola e dificilmente sozinha eu o convencia a ir para sala. Uma das pessoas que me ajudava era a estagiária, pois meu filho havia criado um vinculo com ela. Quando ela chegava e estendia a mão, ele ia com ela.

Mas nem sempre era possível que ela ficar com ele integralmente, e quando ela não estava era comum que eu chegasse à escola para buscá-lo e o encontrasse descalço. Uma vez roubaram suas chuteiras, depois os tênis azuis que a prefeitura dá de uniforme. Encontraram as chuteiras na bolsa de um aluno algum tempo depois. Já o tênis azul eu não sei, pois ele pode ter tirado em algum lugar da escola. Ficava sempre descalço. A coordenação dizia: “Você já procurou no achado e perdidos?”, pois na escola tem um grupo de alunos que fazem uma varredura na escola e organizaram um “achados e perdidos”. Não foi por falta de procurar, mas nunca achei nada do Léo lá.

Um dia eu estava no átrio da escola, esperando pela Assistente de Direção que me daria a chave do armário de ferramentas da horta. Encontrei-a pedindo para um funcionário arrastar uma mesa grande e coloca-la em outro lugar. De repente a Assistente de Direção abaixa atrás da mesa e pega, num canteiro do átrio, a pochete do Léo, vazia, sem a PECS. Aquela que há meses havia sumido.
Durante todo período que o Léo permaneceu nesta escola, por duas vezes sumiram com sua PECS. Tive que confeccionar dois conjuntos novos e uma pochete.

Tudo que relato aqui foi motivo de muitas conversas e reuniões na escola. Alguns professores me acolhiam, mas pouco faziam para mudar. Acho que as pessoas que mais nos ajudaram de fato, ou pelo menos tentaram, foram algumas mães de alunos desta escola.

Há nesta escola uma Comissão de Direitos Humanos, formada por mães, pais e professores, que passei a frequentar. Lá fui ouvida, acolhida e chegamos a pensar em projetos para ajudar a escola, não só com meu filho, mas com outras crianças de inclusão da escola.

Essa participação me dava esperança de poder fazer a diferença num espaço escolar com uma gestão democrática. Mas numa primeira tentativa de expor uma ideia numa reunião desta Comissão, a Diretora da escola se exaltou comigo, disse que eu nem havia chegado direito e já  estava criticando o Projeto, que a escola era “um processo”, e fez algumas insinuações de que já tinha ouvido falar de mim, mas não falou o que ouviu. Usou um tom de voz bastante agressivo, nocivo, que causou um mal-estar na reunião. Minha intenção era de ajudar a escola e fui pega de surpresa com aquelas acusações de querer tumultuar o “Projeto da escola” e também porque eu sempre havia admirado o trabalho da Diretora até aquele momento.

 Foi difícil ouvi-la gritar comigo. Reagi de maneira infantil, pois apenas pedi desculpas e chorei, dizendo que ela havia me interpretado de maneira equivocada. Mas ela continuou insistindo que tinha entendido que eu estava fazendo.  Mães e pais presentes, assim como alguns professores, questionaram a atitude autoritária da Diretora. Rolou uma discussão bem acalorada, se assim posso dizer. Neste momento meu esposo chegou, pois havíamos combinado dele ir me buscar. Ficou sem entender  ao entrar e ver a discussão e minha cara de quem havia chorado. A reunião terminou assim, sem mais nem menos, pois a minha fala tinha ficado por último na pauta e o horário havia excedido.

A partir daquele dia, decidi que não me envolveria mais na escola e que só cuidaria das coisas que me cabiam como mãe do Léo.

As coisas não estavam fáceis. Mas tivemos uma reunião com a Coordenação e desta vez recorri ao CEFAI para nos ajudar, pois já estávamos gastando os recursos de diálogos com a escola, sem um resultado. Entre as coisas decididas foram a: designação de uma AVE fixa para pegar o Léo na entrada, o apoio mais integral da estagiária junto dele, uma vez que eles tinham criado um bom vínculo, e um uso mais efetivo da PECS na escola.

 Quando o recesso chegou e pude ficar mais tempo com o Léo em casa, vi o quanto ele estava diferente. Chorava por qualquer coisa, passava o dia gritando e aos poucos fui usando meus treinamentos e cursos em ABA (Analise do Comportamento Aplicada) para fazer algumas intervenções em seu comportamento. Passei a usar a PECS com ele para tudo, mesmo que ele se recusasse. Treinos de ecoicos, tatos e mando faziam parte do dia a dia.

O recesso da escola dele foi pequeno, pois houve reposição de alguns dias da greve do inicio de 2018. Preferi não mandá-lo para escola na reposição, uma vez que eu estava em recesso na escola que leciono. Assim pude modificar um pouco os comportamentos difíceis que estava apresentando.

Na primeira semana de agosto estava levando meu filho para escola. Havia chovido na parte da manhã e o chão da escola de cimento ainda estava bem molhado. Logo que chegamos ao portão de entrada não havia nenhuma AVE para recebê-lo e, para minha surpresa, o Léo não quis entrar. Fui tentando leva-lo para dentro, mas ele já fez aquela famosa manobra que os autistas fazem de amolecer o corpo para se jogar no chão. Segurei-o, pois ele iria ficar todo molhado, e fui tentando levá-lo para dentro da escola.

Quem tem filho autista consegue imaginar melhor essa cena. Eu, preocupada que ele não se molhasse no chão, ele se debatendo, e eu com receio de machuca-lo.

 Quando finalmente cheguei à porta do átrio, uma coordenadora passou por nós dois e simplesmente pulou o corpinho do Léo, ignorando a situação de uma aluno público-alvo da educação inclusiva se recusando a entrar na escola e chorando.

Ao vê-la passar por nós, alheia, sem nos oferecer ajuda ou sequer nos cumprimentar, a chamei pelo nome e disse “Fulana, oi né?”. Ela virou, respondeu um “oi” displicente e continuou andando. Veio uma mãe que estava na escola para me ajudar. Pegou a mochila do Léo que havia caído. Assim que entramos no átrio o Léo levantou e correu para a pista de skate.

Neste dia não teria atividade de horta e eu tinha um compromisso, então não poderia ficar com o Léo nos fundos da escola à espera da estagiária. Fui até a secretaria, falei que estaria com o Léo lá na pista de skate, mas que chamassem a AVE para me ajudar a levar o Léo para sala.

Esperei bastante e ninguém veio. Eu já estava chorando de raiva com descaso quando resolvi ir novamente à secretaria, quando cruzei com o Professor da Sala de Recursos que estava chegando do almoço. Perguntou o que estava acontecendo e expliquei a situação. Ele gentilmente foi buscar o Léo e, com muito profissionalismo, conseguiu sua atenção e o conduziu para a sala.

Fui embora arrasada. Escrevi uma solicitação das imagens de uma câmera de segurança que fica na entrada da escola para mostrar a atitude da coordenadora diante de nós. Mas se eu realmente fizesse isso quebraria o que restava de confiança na escola. Nunca enviei o pedido.

Neste mesmo dia encontrei a estagiária, que me disse que haviam rescindido o contrato dela, alegando que ela tinha uma filha na escola. Até hoje não entendemos esse papo furado, pois a escola está cheia de pais trabalhando lá dentro como voluntários.

Ainda no inicio de agosto, também num dia frio e chuvoso, eu estava dando aula e meu celular tocou, pedi licença para meus alunos, avisei que precisava atender, pois era da escola do meu filho. Era por volta das 14:10hs. A secretária ligou dizendo que o Léo havia tomado chuva, e se eu poderia ir busca-lo. Tinham trocado a roupa dele, pois na mochila estava o uniforme da clinica onde ele fazia terapia na parte da manhã, mas não havia meia e tênis para colocar, e devido ao frio que estava, era melhor eu busca-lo ou levar uma meia e um tênis. Trabalho no município de Barueri. Pelo frio e chuva que estava, decidi buscar meu filho e leva-lo para casa.

Quando cheguei na escola não havia nenhuma criança no átrio, ou do lado de fora do prédio. Fui até a secretaria para pedir para avisar que vim buscar o Léo. Enquanto aguardava alguém para me atender, olhei na direção da biblioteca e vi que havia uma roda de conversa, e quem estava na roda? Minha querida deputada Luiza Erundina (PSOL).

Fui autorizada a ir pegar o Léo, pois não havia funcionários disponíveis para ir até a sala de aula. Chegando lá o Léo estava sentado na cadeira fazendo uma estereotipia com pecinhas de quebra cabeça, o cabelo bem molhado, uniforme da clinica Lumi, descalço. A nova estagiária trouxe-o até mim. Disse que quando chegou ele já havia tomado a chuva. A professora era nova também e não soube dizer o que acontecera, que já o trouxeram para sala molhado. Eu estava tão nervosa que não queria nem ouvir, só queria sair daquela escola, o que foi difícil porque os alunos queriam ir para o átrio, mas um funcionário não os deixava passar, para não ter barulho e atrapalhar a reunião que acontecia na biblioteca. E tive que passar pelo meio de adolescentes eufóricos desafiando o funcionário a abrir a porta.

Enfim, conversei com os adolescentes e eles concordaram em me deixar passar. Ao chegar em casa, abri uma sacola onde haviam colocado o uniforme molhado do Léo. Havia no fundo uma quantidade de água suja que decantou da roupa molhada.

Leonardo na sua inocência não deve ter percebido o abandono e a sua exclusão do ambiente escolar, deve ter se acabado de pular nas poças de água se sentindo a própria Peppa Pig. Pelo menos assim espero.

 Até hoje não sei se alguém o viu e foi busca-lo, se alguém sentiu sua falta na turma do 1º Ano e foram procura-lo, ou se ele simplesmente saiu da chuva por conta própria e foi para dentro da escola todo molhado.

Deste dia em diante não mandei o Léo mais para escola. Ele passou a frequentar um espaço de brincar no período da tarde, para que eu pudesse ir dar minhas aulas. Nos dias em que não dava aula à tarde ele ficava comigo em casa. Liguei na escola para pedir uma reunião de esclarecimento, ao que a assistente de direção pediu para eu fazer uma solicitação da reunião por e-mail. Mandei o e-mail no dia 6 de agosto, me responderam no dia 14, agendando a reunião para dia 17.

Nesta reunião novamente tentaram acertar as arestas. A coordenadora chegou a pedir desculpas por ter passado por cima do Léo naquele retorno as aulas, disse que devia estar preocupada com algo e não percebeu a situação. Mas no dia 17 não havia mais o que falar, fomos para ouvir o que tinham para nos explicar e para dizer que precisávamos do termo de transferência. Neste meio tempo, recorri ao CEFAI e pedi para que me ajudassem, pois estávamos quase desistindo da educação inclusiva.
Foram muitas conversas com o CEFAI, profissionais que nos guiaram neste momento doloroso.

Doloroso porque não era uma escola qualquer. Dentre as escolas municipais da capital ela se construiu num modelo muito rico do ponto de vista pedagógico, e acabara de ganhar um prêmio internacional de educação inovadora. Mas o que vivemos e o que vi ali, também em relação a outras crianças, público-alvo da educação inclusiva ou não, não tem nada de inovador. Uma escola gerida por um grupo de pais captadores de recursos para a escola, mas sem nenhum entendimento sobre as peculiaridades da infância e do autismo. Era sempre uma espécie de “se virá aí!”.

 E uma criança autista de grau moderado, sem conseguir se comunicar através da fala, e com pouco comportamento de ouvinte não “se vira aí!”. Nós, pais do Leonardo, havíamos lido sobre o PPP da escola, participamos de eventos e até de uma tentativa de uma comissão de Inclusão eu cheguei a participar, quando ainda era psicopedagoga de uma criança estudante desta escola. Tudo isso ainda quando meu filho estava na educação infantil. Nós desejávamos fazer parte daquela comunidade escolar, queríamos que nosso filho estudasse lá. Mas nossa história foi de abandono e exclusão.

Desta escola guardo ainda uma tristeza, um sentimento ruim, pois ela tem tudo para voltar a dar certo, mas ali se estabeleceu um jogo de pequenos poderes entre pais de alunos captadores de recursos dos projetos da escola, uma direção que se perdeu no ego de sua própria história, do “seu projeto”.
Também guardo boas amizades com algumas mães e pais que conhecemos nesta escola, pessoas incríveis que lamentaram nossa saída, que antes tentaram nos ajudar, mas que diante da chuva que o Léo tomou do lado de fora da escola sozinho, não havia como nos convencer a ficar lá.

Espero que um dia alguém consiga colocar as coisas num rumo de harmonia nesta escola, pois eu nunca pedi nada demais, fui até lá atrás de uma proposta interessante, mas que só vi no papel.

 Hoje meu filho está em outra escola pública municipal. Lá ele é respeitado, vai e volta uniformizado, teve direito ao Transporte Educacional Gratuito, usa a PECS com a pochete na escola, fica em sala de aula com a turma, a professora fez um trabalho lindo com as crianças, que por conta disso sabem brincar e se comunicar com o Léo, e ajudam muito ele. A escola recebe muito bem as instruções da fonoaudióloga que trabalha com meu filho, e mantêm contato frequente com a analista do comportamento que acompanha o desenvolvimento das terapias, para que escola, família e terapia andem juntas em prol do desenvolvimento do Leonardo.

Essa é a grande questão. A escola anterior coloca seu “PROJETO” em primeiro lugar. Tudo é em nome de um projeto que se esconde num processo, e por último olham para as crianças que estudam ali e que não são filhos de pais que tem influência dentro do tal projeto.
Esta foi  nossa história nesta escola.

Foi muito difícil escrever esse texto, confesso que tive que parar às vezes a digitação por ter náuseas ao relembrar de detalhes. Mas eu precisava escrever, pois a educação inclusiva não é fácil para ninguém, mas temos que insistir, nossos filhos são cidadãos e tem direitos de estar na escola.