quinta-feira, 29 de julho de 2021

A vida não tem passado em branco.

 





A vida não tem passado em branco. Antes da pandemia, tudo era uma correria. Quem me conhece ou me acompanha sabe que a vida é de luta. O Autismo, mais que uma condição do meu filho, virou uma militância. Afinal, quando o autismo chega em nossa vida não  é apenas ela que muda, passamos a ver a sociedade com outros olhos, assim como nos enxergamos de maneira diferente também e percebemos o quanto precisamos buscar por transformações individuais e, acima de tudo, sociais. Passamos a sentir a exclusão dos direitos ao acesso à cidadania de uma forma muito mais intensa. Então a indignação virou um incômodo que me fez sair do lugar.


Comecei com o Blog, fui estudar, fiz cursos e até iniciei uma pós graduação. Trabalhei  na linha de frente para trazer o projeto da Sessão Azul, uma sessão adaptada de cinema para pessoas com TEA e distúrbios sensoriais que acontecia no Rio de Janeiro, para São Paulo. Foram tempos de trabalho voluntário e muita dedicação.

Também passei junto com meu companheiro a fazer algumas palestras para professores e pais, atividades em escolas com crianças para falar sobre inclusão escolar, e o passo mais recente foi participar do Conselho de Inclusão Escolar do Município de São Paulo, um conselho democrático idealizado pelo vereador Celso Giannazi.

Aprendi muito com as pessoas deste Conselho. Lá participam PCDs, entre eles autistas, mães de pessoas com deficiência, professoras e diretoras da rede municipal de ensino de escolas da cidade de São Paulo, profissionais da saúde e tantas outras pessoas com experiência, o que fez do Conselho um lugar muito especial para mim tanto  antes quanto durante o 1º ano da Pandemia, pois em 2020 os problemas educacionais foram escancarados em relação ao público alvo da educação inclusiva na cidade de São Paulo, e a luta teve que tomar diversas frentes, inclusive para manter o direito à educação inclusiva frente aos projetos de lei que surgiram sobre Educação Especial. Já temos tantas lutas e tivemos que voltar algumas casas que já havíamos avançado neste “jogo da vida” por direitos e cidadania, para reafirmar a Educação Inclusiva.

A vida realmente não é uma página em branco,  tampouco são as selfies que colocamos nas redes sociais.

Às vezes, conversando com alguns amigos que são pais de crianças neurotípicas, destacava que eles criam educando o filho para o mundo. Nós temos  que criar nossos filhos muitas vezes educando o mundo para recebê-los. Isso faz uma grande diferença na maternidade ou paternidade.

Claro que não são todas as mães de crianças com alguma deficiência que se transformam em ativistas ou militantes. E isso não faz a jornada delas menos complicada. Não é toda pessoa que tem o perfil para ser ativista ou militante, mas cada uma de nós sabe da luta que é o dia a dia e, principalmente, sabemos o tamanho do AMOR que temos por nossos filhos. E isso não se mede, se sente.

E por falar em sentir, estou sentindo muita necessidade de voltar a escrever. Relatar meus aprendizados que foram tão intensos nestes últimos anos.  A maternidade que esse ano vai completar uma década. E aquele bebê com TEA já é um menino.