Perceberam que o blog Observatório Livre está de visual novo?
Mudei o plano de fundo para verde claro e as letras ficaram
escuras, pois assim fica mais nítido, de modo que mais pessoas consigam ler. Recebi
esse pedido de uma leitora muito querida para que fizesse tal modificação, e
também me deparei com alguns amigos que tem glaucoma, e outros que possuem
deficiências visuais diversas.
Lembrei de um ex-aluno, que estava na quinta série, e que usava óculos
com lentes muito grossas. O menino era muito peralta, e vivia com os óculos
quebrados e, até que os óculos fossem arrumados, ficava com os olhos apertados
tentando enxergar.
Como era uma criança carente, uma vez pedi para que sua mãe me desse a receita para
que fizesse um par de óculos novos para ele. Quando cheguei na ótica que
costumo fazer meus óculos, tive uma surpresa. O senhor que me atendeu disse que
teria que trazer o garoto, pois precisava tirar medidas, que aquela lente era
muito forte e a criança era praticamente não enxergava, mesmo quando usava as
lentes ainda tinha dificuldades, principalmente para ler.
O garoto estava na quinta-série, mas já havia repetido as séries
iniciais por ter demorado para se alfabetizar. Também pudera, com aquela
dificuldade toda para enxergar (além de questões socioeconômicas que a família
enfrentava).
Um conhecido da Paróquia local tratou de levar a criança e fez uma
armação de óculos mais reforçada. Numa reunião pedagógica lancei a ideia de que
os trabalhos daquele aluno deveriam ser impressos com letras maiores.
Lembro-me quando ele pegou a avaliação de Geografia, matéria que
eu lecionava, ficou olhando, admirado para aquelas letras grandes e me
perguntou: "Essa prova é para mim?" Respondi que sim. Ele abriu um
sorriso maroto e se concentrou em fazer a prova toda expressando alegria.
Isso já faz alguns anos. Depois mudei de escola. Mas, antes disso,
coleciono algumas histórias com esse aluno e sua irmã, que também foi minha
aluna. Infelizmente, não sei nada deles hoje. Espero que estejam bem, que
tenham superado as adversidades daquela época. Guardo-os no coração.
Somos muitos, somos diferentes e temos que respeitar nossas
diferenças para que delas não surjam as desigualdades e sim respeito e
igualdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário